23/10/2025

Governo apresenta projeto que agrava pena para organizações criminosas

Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

O ministro da Justiça e da Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, enviou nesta quarta-feira (22) à Casa Civil e ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva o projeto de lei Antifacção, que propõe endurecer as punições para líderes e integrantes de organizações criminosas.

A proposta cria o novo tipo penal de “organização criminosa qualificada”, cuja pena pode chegar a 30 anos de prisão. O texto também prevê a criação de um banco de dados nacional com informações detalhadas sobre facções criminosas, para auxiliar na investigação e rastreamento desses grupos.

Segundo Lewandowski, o objetivo é “atualizar a lei das organizações criminosas, de 2013”, tornando o Estado “mais organizado do que o crime, que está cada vez mais sofisticado”.

Aumento das penas

O projeto prevê que a pena para organização criminosa simples passe de 3 a 8 anos para 5 a 10 anos.

Nos casos de organização criminosa qualificada, a pena pode ser aumentada de dois terços ao dobro, sendo o crime classificado como hediondo — portanto, inafiançável.

As penas serão agravadas quando houver:
  • Aliciamento de crianças ou adolescentes;
  • Participação de servidores públicos;
  • Domínio territorial ou prisional por facção;
  • Uso de armas de fogo de uso restrito ou proibido;
  • Morte ou lesão de agentes de segurança pública.

Infiltração e monitoramento

O texto também autoriza a infiltração de policiais e colaboradores em facções criminosas, além da criação de pessoas jurídicas fictícias para facilitar investigações.

Outra medida permite o monitoramento de encontros e comunicações entre presos provisórios e condenados ligados ao crime organizado.

Apreensão de bens e combate financeiro

O projeto facilita a apreensão de bens, direitos e valores de investigados, inclusive durante o inquérito, quando houver indícios de que sejam fruto ou instrumento de crime.

Lewandowski destacou que a proposta visa enfraquecer o poder econômico das facções, atacando suas fontes de financiamento.

Banco nacional de dados

Um dos eixos centrais do projeto é a criação de um banco de dados nacional com informações completas sobre os membros de organizações criminosas, incluindo nomes, pseudônimos, endereços, documentos, características pessoais e até DNA.

O acervo será compartilhado com todas as forças de segurança do país, permitindo identificar rapidamente se uma pessoa tem ligação com o crime organizado.

Domínio territorial e ação social

O ministro também anunciou um projeto piloto de retomada de territórios dominados por facções, com ações conjuntas de segurança e políticas sociais, como educação, saúde e saneamento.

“A retomada não será apenas pela força física, mas também pela presença do Estado com serviços públicos”, afirmou Lewandowski.

Efeito dissuasório

Por fim, o ministro afirmou que o aumento das penas não é uma solução isolada, mas um instrumento de dissuasão.

“A pessoa pensará duas vezes, talvez não os líderes, mas pelo menos os faccionados de menor nível hierárquico saberão que terão a pena bastante agravada”, disse o ministro.