 |
| Mulheres negras recebem, em média, R$ 2.986, 53,3% menos que homens brancos. Foto: Envato |
Mesmo com avanços na participação feminina no mercado de trabalho, a desigualdade salarial entre homens e mulheres permanece expressiva no setor privado brasileiro. É o que revela o novo Relatório de Transparência Salarial e Critérios Remuneratórios, divulgado pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) nesta semana.
O levantamento, baseado em dados do Relatório Anual de Informações Sociais (Rais), analisou informações de 54 mil empresas com 100 ou mais empregados, abrangendo o período entre o segundo semestre de 2024 e o primeiro semestre de 2025.
Ao todo, foram avaliados 19,4 milhões de vínculos empregatícios, sendo 41% de mulheres e 59% de homens.
Diferença salarial em alta
De acordo com o estudo, a diferença média de remuneração entre homens e mulheres aumentou nos últimos meses, chegando a 19,4% — um crescimento em relação ao primeiro relatório da série, divulgado em março de 2024.
Quando o recorte considera raça e gênero, o cenário se torna ainda mais desigual. As mulheres negras recebem, em média, R$ 2.986,50, enquanto homens não negros chegam a R$ 6.391,94 — uma diferença superior a 50%.
Participação cresce, mas desigualdade persiste
Apesar de um leve avanço na presença feminina nas grandes empresas — que passou de 40% em 2023 para 41,1% em 2025 —, as mulheres ainda representam apenas 35% da massa salarial.
Entre os fatores mais citados pelas empresas para justificar a diferença de rendimentos estão tempo de experiência, metas de produção e planos de carreira. No entanto, menos da metade das companhias possui políticas efetivas de promoção de mulheres, e apenas uma em cada cinco oferece auxílio-creche ou licença parental estendida.
Impacto econômico
O relatório estima que, se a remuneração das mulheres acompanhasse o crescimento de sua presença no mercado de trabalho, cerca de R$ 92,7 bilhões poderiam ser injetados na economia nacional.
A publicação faz parte da Política Nacional de Igualdade Salarial e de Oportunidades, instituída para monitorar e reduzir disparidades entre homens e mulheres no mercado de trabalho formal.