21/11/2025

Estudo revela que desigualdade no mercado de trabalho afeta de forma mais severa as mulheres negras no Brasil




A desigualdade no mercado de trabalho brasileiro permanece profunda e tem impacto especialmente mais duro sobre mulheres negras, segundo um estudo divulgado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

O levantamento mostra que 3 em cada 10 lares brasileiros — cerca de 24 milhões de residências — são chefiados por mulheres negras. Apesar de exercerem papel central na sustentação das famílias, elas seguem enfrentando as piores condições laborais, com salários mais baixos, maior informalidade e acúmulo de responsabilidades dentro e fora de casa.

Entre os dados mais alarmantes está a taxa de desocupação, que atinge 8% para mulheres negras, o dobro do índice registrado entre homens brancos, grupo que apresenta os melhores indicadores socioeconômicos. Além disso, 39% dessas trabalhadoras — quase 4 em cada 10 — estão na informalidade.

A desigualdade salarial também é expressiva: mulheres negras recebem, em média, 53% a menos que homens brancos, o que representa uma diferença anual de R$ 30,8 mil. O estudo ainda aponta que metade das mulheres negras vive com até um salário mínimo, e 1 em cada 6 atua em atividades domésticas ou de limpeza, setores conhecidos por baixos salários e alta precarização.

A presença em cargos de liderança também é mínima. Apenas 1 a cada 46 mulheres negras alcança funções de direção ou gerência. Entre homens brancos, essa proporção é de 1 em cada 17, evidenciando a profundidade do abismo racial e de gênero no mundo do trabalho brasileiro.

O Dieese alerta que os dados refletem não apenas desigualdades históricas, mas também a necessidade urgente de políticas públicas estruturadas que promovam inclusão, equidade salarial e oportunidades reais de ascensão profissional para mulheres negras no país.