13/08/2025

Vídeo com comentário discriminatório contra Dona Zima provoca indignação em Bacabeira


Um vídeo compartilhado na rede social dentro do município de Bacabeira tem gerado forte repercussão na últimas horas. Nas imagens, duas adolescentes, alunas do Iema Pleno do município, aparecem, sendo que uma delas faz um comentário de cunho discriminatório direcionado a Dona Zima, uma mulher negra,  idosa e grande incentivadora da cultura local.

O conteúdo do vídeo foi prontamente repudiado por moradores, lideranças comunitárias e autoridades municipais, que manifestaram apoio e solidariedade a Dona Zima. A gravidade do caso reacendeu debates sobre respeito às tradições, combate ao racismo e valorização de pessoas que, como ela, contribuem para a preservação da memória cultural.





Ponto de Vista Blog repudia com veemência o ato vexatório cometido contra Dona Zima, uma das personalidades mais respeitadas e queridas do município. Atacar sua honra é desrespeitar não apenas a sua história de vida, mas também a herança cultural e religiosa de Bacabeira, que ela preserva com dedicação exemplar há décadas.

Quem é Dona Zima?

Zima Baima Sousa é descendente de escravos e figura histórica da cidade. Aos 93 anos, Dona Zima é amplamente reconhecida por sua dedicação à cultura e à religiosidade local, mantendo vivas tradições centenárias.

Moradora do povoado de Peri de Cima, ela é responsável pela preservação dos Festejos do Divino Espírito Santo, realizados em setembro, e de Nossa Senhora da Conceição, que acontece em dezembro. O compromisso com a fé e a cultura foi herdado de sua mãe, Dona Raimunda Sousa Baima, que a ensinou desde cedo “a cuidar da Santa”. Desde 1979, Dona Zima está à frente da Capela local e dos festejos, sendo considerada guardiã de uma das mais importantes expressões da devoção popular bacabeirense.

Pena para injúria racial contra mulheres e idosos

No mês de abril deste ano, a Câmara dos Deputados aprovou o Projeto de Lei nº 5701/2023, de autoria da deputada Silvye Alves (União-GO), que altera a Lei Antirracismo para incluir um agravante específico no crime de injúria racial. A proposta, agora em análise no Senado Federal, prevê que a pena de reclusão de 2 a 5 anos e multa — atualmente aplicada ao crime — seja aumentada de um terço a dois terços quando a vítima for mulher ou pessoa idosa.

Na justificativa, Silvye Alves argumenta que mulheres e idosos estão em situação de maior vulnerabilidade em casos de discriminação racial e que o endurecimento da pena busca ampliar a proteção a esses grupos. O texto também se alinha a decisões recentes do Supremo Tribunal Federal (STF), que equiparou a injúria racial ao crime de racismo, tornando-a imprescritível e inafiançável — ou seja, podendo ser julgada a qualquer tempo e sem possibilidade de fiança.

O crime de injúria racial é caracterizado por ofensas direcionadas a uma pessoa individualmente, baseadas em raça, cor, etnia ou origem nacional. Diferentemente do crime de racismo, que atinge grupos ou coletividades, a injúria racial atenta contra a honra e a dignidade de um indivíduo específico.