08/05/2025

De olho na chaminé da Capela Sistina: conclave segue e mundo aguarda anúncio do novo papa



Os olhos do mundo estão voltados para o Vaticano desde esta quarta-feira (7), quando teve início o conclave para a escolha do novo papa, sucessor de Jorge Mario Bergoglio, o papa Francisco, falecido no último dia 21 de abril. A famosa chaminé da Capela Sistina, em Roma, será o canal simbólico de comunicação com o mundo: dela sairá fumaça preta enquanto não houver consenso entre os cardeais e, finalmente, a esperada fumaça branca anunciará que um novo líder foi eleito. 

Reunidos a portas fechadas, 133 cardeais com menos de 80 anos estão encarregados das votações secretas. O grupo possui representantes de 70 países diferentes. Inclui 52 cardeais europeus, 37 americanos (16 da América do Norte, 4 da América Central, 17 da América do Sul), 23 asiáticos, 17 africanos e 4 da Oceania.

A Itália é o país com maior número de cardeais eleitores, 17 deles, representando 12,6% do total, seguido pelos Estados Unidos, com 10. O Brasil ocupa a terceira colocação com 7 cardeais, entre eles: Dom Sérgio da Rocha (Salvador), Dom Jaime Spengler (Porto Alegre), Dom Odilo Scherer (São Paulo), Dom Orani Tempesta (Rio de Janeiro), Dom Paulo Cezar Costa e Dom João Braz de Aviz (Brasília) e Dom Leonardo Steiner (Manaus). 

O mais cardeal jovem é Mikola Bychok, de 45 anos, da comunidade greco-católica ucraniana na Austrália; o mais velho é o espanhol Carlos Osoro Sierra, de 79 anos.

Os cardeais com mais experiência de conclave são os cinco eleitores criados por João Paulo II: o francês Philippe Barbarin, o croata Josip Bozanic, o húngaro Péter Erdo, Peter Turkson, do Gana, e o bósnio Vinko Puljic.

Entre os cardeais 80% (108 cardeais) foram indicados por Francisco e vivem a sua primeira eleição pontifícia; 20 cardeais foram escolhidos por Bento XVI.

Para que um novo papa seja escolhido, são necessários ao menos 89 votos.

O processo pode durar vários dias, mas a expectativa é de uma escolha relativamente rápida, como ocorreu nos conclaves de 2005 e 2013, que elegeram Bento XVI e Francisco, concluídos em apenas dois dias. De modo geral, as eleições dos últimos 100 anos foram rapidamente resolvidas. Enquanto o novo papa não é anunciado, o mundo acompanha ansioso cada sinal da chaminé que guarda um dos maiores segredos da Igreja Católica.

Chaminé instalada no telhado da Capela Sistina / Foto: Joyce Mesquita



Você sabe como foi criado o conclave?

O conclave — reunião dos cardeais para eleger o novo papa — tem uma origem que remonta ao século XIII, entre os anos de 1271 e 1276, durante um dos momentos mais tensos da história da Igreja Católica. Na época, após a morte do papa Clemente IV, a Igreja estava dividida entre facções italianas e francesas, refletindo também a disputa de poder entre o papado e os imperadores.

A rivalidade era tão intensa que os cardeais passaram quase três anos sem chegar a um consenso, marcando aquele como o mais longo conclave da história. Exasperados com a demora, os governantes decidiram confinar os cardeais em um palácio e limitar a quantidade de comida oferecida a eles diariamente, numa tentativa de pressioná-los a decidir.

No fim, foi eleito o italiano Gregório X, que, para evitar novas demoras, promulgou uma bula estabelecendo regras para os futuros conclaves. Entre elas, o isolamento total dos cardeais para evitar influências externas e, se necessário, a redução gradual das refeições, chegando a pão e água a partir do oitavo dia.

Embora algumas dessas regras tenham sido suavizadas com o tempo, a essência do isolamento permanece até hoje e está sendo seguida na Capela Sistina, enquanto o mundo aguarda a escolha do sucessor do papa Francisco.