02/01/2025

As famílias brasileiras enfrentam aumento nos gastos com materiais escolares

Foto: Reprodução


Em 2024, as famílias brasileiras gastaram cerca de R$ 49,3 bilhões com materiais escolares, um aumento de 43,7% nos últimos quatro anos. Esse dado é resultado de uma pesquisa realizada pelo Instituto Locomotiva em parceria com a QuestionPro. O levantamento aponta que os gastos escolares impactaram o orçamento de 85% das famílias com filhos em idade escolar, sendo que um terço dos compradores optou pelo parcelamento para lidar com as despesas do ano letivo de 2025.

A pesquisa ouviu 1.461 pessoas de todo o país entre os dias 2 e 4 de dezembro de 2024. Segundo os dados, a maioria dos responsáveis por estudantes – tanto da rede pública quanto da privada – pretende adquirir materiais escolares para o próximo ano: 90% das famílias com filhos em escolas públicas e 96% daquelas com filhos em instituições privadas.

Principais itens adquiridos

Entre os produtos mais comprados estão:

  • Materiais escolares exigidos pelas instituições de ensino (87%);
  • Uniformes escolares (72%);
  • Livros didáticos (71%).

A pesquisa também destaca o crescimento no valor nacional gasto com materiais escolares ao longo dos anos, saltando de R$ 34,3 bilhões em 2021 para os atuais R$ 49,3 bilhões.

Impactos no orçamento das famílias

O diretor de pesquisa do Instituto Locomotiva, João Paulo Cunha, ressaltou o peso crescente dos materiais escolares no orçamento familiar. Ele destacou que até mesmo as famílias com filhos em escolas públicas acabam gastando com a compra de uniformes e materiais complementares.

Os dados mostram que:

  • A maior parte dos gastos vem das classes B (R$ 20,3 bilhões) e C (R$ 17,3 bilhões), responsáveis por 76% dos gastos totais;
  • A Região Sudeste lidera os gastos, com 46%, enquanto o Nordeste representa 28% e o Norte, apenas 5%.

Quando analisado o impacto no orçamento familiar:

  • 95% das famílias da classe C afirmam que os gastos com materiais escolares pesam no orçamento;
  • 38% dos entrevistados disseram que o impacto é muito grande;
  • Apenas 15% das famílias afirmaram que as compras não interferem no orçamento.

João Paulo Cunha enfatizou que, diante desses desafios, muitas famílias precisam se ajustar financeiramente, recorrendo ao crédito, economias ou outros meios para arcar com essas despesas.

Aumento dos preços e parcelamento

Com a alta nos preços, 35% das famílias pretendem parcelar as compras em 2025, um índice que sobe para 39% na classe C. Ainda assim, a maioria dos entrevistados, 65%, optará pelo pagamento à vista – índice maior nas classes A e B (71%).

Segundo a Associação Brasileira de Fabricantes e Importadores de Artigos Escolares (ABFIAE), os aumentos nos custos estão relacionados a:

  • Inflação;
  • Elevação nos custos de produção;
  • Alta do dólar;
  • Preços elevados de frete marítimo internacional, principalmente no período pós-pandemia.

Para 2025, a ABFIAE estima um aumento de 5% a 9% nos preços de materiais escolares, especialmente em itens importados como mochilas e estojos.

Soluções propostas pela ABFIAE

Diante desse cenário, a ABFIAE defende medidas que possam aliviar o impacto dos gastos escolares, como:

  1. Programas públicos de apoio – Iniciativas como o Programa Material Escolar, implementado no Distrito Federal e em cidades como São Paulo e Foz do Iguaçu, fornecem crédito para estudantes de escolas públicas adquirirem materiais escolares.
  2. Redução de impostos – Muitos produtos escolares possuem tributação elevada, chegando a 50% do valor total em alguns casos. A entidade já apresentou pedidos para que esses itens tenham uma redução na carga tributária na reforma tributária em andamento.

“A alta carga tributária pesa diretamente no preço final pago pelo consumidor, o que dificulta ainda mais o acesso aos materiais escolares”, concluiu o presidente da ABFIAE, Sidnei Bergamaschi.