02/12/2024

Maioria dos casos de violência contra mulheres negras começa na infância, aponta pesquisa

Imagem: fizkes - stock.adobe.com


Um estudo realizado pelo DataSenado e pela Nexus - Pesquisa e Inteligência de Dados, em parceria com o Observatório da Mulher contra a Violência, trouxe à tona um dado alarmante: mais da metade das mulheres negras no Brasil que sofreram violência doméstica tiveram suas primeiras experiências de agressão ainda na juventude.

De acordo com o levantamento, 53% dessas mulheres foram vítimas de violência antes dos 25 anos de idade. A pesquisa aponta que os tipos de agressões mais frequentes enfrentados por essas mulheres incluem violência psicológica (87%), física (78%), patrimonial (33%) e sexual (25%).

Nos últimos 12 meses, a pesquisa identificou que, entre as mulheres que relataram episódios de violência, 18% sofreram com falsas acusações, 17% enfrentaram situações de gritaria ou destruição de objetos, 16% foram insultadas, o mesmo percentual das que se sentiram humilhadas, e 10% relataram ameaças.

Para chegar a esses resultados, 13.977 mulheres negras, com 16 anos ou mais, de todas as regiões do país, foram entrevistadas. O levantamento considerou como negras aquelas que se autodeclararam de pele preta ou parda.

A infância marcada pela violência

Especialistas apontam que o dado de que a violência começa ainda na infância ou juventude reflete um ciclo de abusos que precisa ser interrompido com políticas públicas eficazes. Segundo o estudo, o ambiente doméstico, que deveria ser um espaço de acolhimento e proteção, se torna palco para diferentes tipos de agressões.

Além disso, o estudo reforça a vulnerabilidade de mulheres negras, que enfrentam não apenas a violência de gênero, mas também os impactos estruturais do racismo em suas vidas.

O que pode ser feito?

Os números apresentados no levantamento reforçam a necessidade de medidas mais incisivas para combater a violência doméstica e promover ações de proteção, especialmente para mulheres negras. Organizações da sociedade civil e movimentos feministas destacam a importância de campanhas educativas, suporte psicológico e jurídico e investimentos em políticas públicas direcionadas.

A pesquisa serve como um alerta e, ao mesmo tempo, um convite para que a sociedade brasileira se mobilize e enfrente esse problema de maneira ampla e efetiva.