11/04/2024

Maranhense torna-se a primeira promotora de Justiça quilombola do Brasil

Foto: Divulgação


Karoline Bezerra Maia, originária da comunidade quilombola de Jutaí, em Monção (MA), alcançou um marco histórico ao tornar-se a primeira promotora de Justiça de origem quilombola no Brasil. Sua trajetória é marcada por determinação e superação, sendo a única de sua família a concluir o ensino superior. O Projeto Identidade, promovido pela Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) em parceria com a Fundação Pedro Jorge e a Educafro, desempenhou um papel crucial ao oferecer suporte financeiro e preparatório para sua aprovação em concurso público.

“Conheci o projeto por meio de um post da professora e procuradora da República Nathália Mariel sobre os requisitos para seleção e fui uma das beneficiadas. O Projeto Identidade tem parte fundamental na minha aprovação, pois tivemos aula de como estudar e esquematizar os estudos com o Eduardo Gonçalves, tivemos sessões com terapeutas, aulas gravadas e ao vivo com professores voluntários. Recebi um aporte financeiro de R$ 2,5 mil, por mês, durante seis meses”, relembra Karoline.

A posse de Karoline como promotora de Justiça no Ministério Público do Pará foi um momento de grande significado pessoal e histórico, não apenas para ela, mas também para sua família e comunidade. Seus pais, Erozino Boaventura Maia e Raimunda Bezerra Maia, faleceram antes de testemunharem sua conquista. 

“Foi um momento de êxtase, transbordava de felicidade, satisfação e realização não apenas pessoal, mas de toda a minha família, dos meus pais, que não estão mais presentes fisicamente, de toda a minha ancestralidade”, disse a jovem ao ser empossada como promotora de Justiça do Ministério Público do Pará.

Karoline expressa sua determinação em usar sua posição para garantir os direitos sociais, especialmente da população quilombola, indígena e tradicional.

“Quais os meus planos? Entrar em exercício na comarca e exercer a função com excelência para que por meio do Ministério Público sejam garantidos os direitos sociais em especial da população quilombola, indígena e tradicionais”, finaliza a nova promotora do MP do Pará.

A conquista de Karoline representa não apenas um marco pessoal, mas também uma vitória coletiva pelo empoderamento e crescimento de toda uma comunidade. Segundo a coordenadora adjunta da ANPR, Nathália Mariel, que foi professora de Karoline, o projeto não existe apenas para ter como único objetivo a aprovação dos alunos.

“Mas também pelo empoderamento e crescimento de todo um coletivo. A aprovação de uma mulher preta nos demonstra isso, quando um alcança, todo um grupo acredita que também pode alcançar, e projetos educacionais ajudam nesse caminho. Muito orgulho de ver a ANPR envolvida nessa missão”, disse Nathália.

O Projeto Identidade, atualmente em fase de reformulação, visa promover a diversidade racial nos quadros do Ministério Público Federal e outras instituições, demonstrando a importância de iniciativas educacionais inclusivas para criar oportunidades para grupos historicamente marginalizados. 

Há um mês, a ANPR Raça requereu à Procuradoria-Geral da República a implantação de um projeto de capacitação de pessoas negras para o ingresso nos quadros do Ministério Público Federal